Cão

Cheiro de carne podre sobe inevitavelmente de um cadáver, os vermes comem a carne exposta como é natural que aconteça, assim são meus pensamentos de cão, animalescos, delicadamente rejeitados no fundo da minha mente, em uma pífia tentativa de me privar dos prazeres que vêm com os mais detestáveis hábitos. o vômito imundo das palavras que eu gostaria de dizer me sobe à garganta sempre que me sinto frustrado, a vontade de destruir tudo que eu construí arduamente. 


Cachorro artificial. 


Enterrando os cadáveres em cova aberta, deixando o cheiro subir.


Outro cachorro inevitavelmente sente o cheiro pútrido que vem da minha mente, morto vivo, com vermes que saem dos meus olhos em lágrimas amarguradas que gostariam de ser acalentadas em pensamentos que, Deus me perdoe, jamais direi novamente em voz alta. 


Peço perdão a deus, pois devo perdão a mim. 


    O cadáver, inevitavelmente, torna-se parte da terra, assim como a vontade de dizer o que eu gostaria, consequentemente, torna-se parte de mim, em ferida aberta contaminada dos vermes que eu choro, que das feridas nascem cadáver, e o ciclo continua, infinitamente, em ódio.



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