As vezes eu não entendo todas as palavras e isso me dá medo, algumas palavras me deixam inseguro e pensativo, mesmo que, em outros momentos, elas sejam palavras que eu fantasio e imagino, palavras que eu mesmo proferi. Eu não compreendo, as vezes, o tom humano das palavras, o que elas (ou eles) querem me dizer de verdade.
Algumas palavras eu queria ouvir carinhosamente no pé do ouvido.
Outras queria bem longe de mim.
As vezes as ordens se invertem e, no fim, as palavras não tem nenhum sentido pra mim, já que
as primeiras rapidamente se tornam as últimas.
Eu só tenho profundo medo de me perder nas palavras que proferimos em momentos que não sabíamos muito bem o que dizer, mas também tenho medo das palavras que deixamos sair despretensiosamente em momentos de estresse,
essa segunda é infelizmente a minha palavra (que agora vejo, pouco a pouco, tornar-se suas palavras).
Talvez seja o cansaço, talvez seja o medo do futuro, talvez seja a inveja de novo falando mais alto batendo e implorando pra existir de maneira que
antes eu não existia, e talvez nunca exista.
Tenho medo das palavras que você joga ao vento como se não significassem nada, tenho medo das minhas palavras não chegarem da maneira que eu gostaria e
não tocarem da maneira que eu gostaria de te tocar.
Eu estou cansado. Cansado de palavras.
Eu só quero deitar minha cabeça e dormir mas tudo que me ecoa são as malditas palavras.
Tenho medo de ficar sozinho, tenho medo do silêncio, tenho repulsa de toda palavra que vem sozinha, palavra pede companhia, pede voz, só assim eu entendo palavras.
Tenho medo das madrugadas, tenho medo do silêncio absoluto que se instaura nessas horas, sem amigos, sem família, sem amor, sem palavras.
Tenho medo das coisas que vi, ouvi e que ainda vêm.
Não sei bem dizer, não tenho qualquer palavra para traduzir o medo que me treme as canelas e me bate os dentes em pavor de escutar as palavras.
Não são sérias. Eu repito para mim mesmo.
Você entendeu errado. A razão fala.
Mas não há de ter como saber, são só palavras.
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